Os meios de comunicação de massa costumam fazer retrospectivas nas edições de final de ano. Com mais de 77 mil visitas desde que foi criado, em novembro de 2008, este blogue, mesmo dirigido a uma comunidade muito específica, não deixa de ser um meio de comunicação de massa. Então, vamos a uma retrospectiva histórica. Mas, com apenas dois anos já é tempo de fazer uma retrospectiva histórica? É sim! Mas, não é a escala temporal que justifica a retrospectiva, é a densidade de conteúdo e a profunda e intensa atmosfera emocional que tomou conta do blogue. Uma atmosfera cheia de sentimentos de amizade e alegria pelo reencontro de velhos amigos e pela descoberta daqueles que, em tempos idos circularam nos mesmos espaços, e quase simultaneamente, e não se fizeram conhecidos, pelo menos com a intensidade que a memória não desvanecesse.
A frieza da estatística (242 artigos e 1.484 comentários) nem de longe retrata a carga emocional desses encontros e reencontros proporcionados por este espaço virtual, que nasceu de uma troca de mensagens eletrônicas com Marcelo Dutra. Não consigo reproduzir a ordem dos eventos. Sei que visitei o blogue da sua irmã, Márcia, onde li um extraordinário texto sobre seu pai, o doutor Vicente e visitei o blogue de Marcelo, onde li um texto sobre Dona Ritinha e Doutor Gentil, que não consigo mais localizar. Sei que coloquei um comentário perguntando se eles eram filhos do doutor Vicente, de Areia Branca. A troca de mensagens veio depois da resposta de Marcelo, exatamente no dia 6 de novembro de 2008, e no dia 28 resolvemos criar o “Era uma vez em Areia Branca”, noticiado no seu blogue e no meu.
Os dois primeiros textos foram A memória é curta e turva, uma crônica que eu havia publicado no jornal Primeira Mão, editado por Luciano Oliveira em 1998, e Saudades de dona Ritinha, o texto que originou meu contato com Marcelo.
Quando o blogue completou dois meses, Marcelo publicou um texto do seu irmão mais velho, Marconi, sobre a escola de Dona Julita. Foi o primeiro sucesso em termos de comentários. Entre os que ali se manifestaram cabe destacar a entrada triunfal de Dodora, para fazer jus ao título de Menina do Pastoril que recentemente lhe atribuiu Chico de Neco Carteiro, em seu magnífico livro Caminhos de Recordações. Os comentários de Dodora nos sensibilizaram de tal maneira que resolvemos transformá-lo em crônica. Desde então essa menina sapeca de 72 anos tem sido presença constante, agradável e indispensável em todos os cantinhos desse blogue.
Não menos triunfal foi a entrada de Antônio Fernando Miranda, poucos dias depois do início do blogue. Ao comentar um texto de Marcelo, Miranda, um menino da idade de Dodora, mostrou ao que vinha. Juntamente com Antônio José, é a nossa reserva memorial. Quando nossas capacidades se esgotam é aos dois que recorremos.
Othon Souza, nosso profícuo colaborador, manifestou-se pela primeira vez, fevereiro de 2009, com um comentário. No dia 3 de março daquele ano publicou sua primeira crônica.
Depois de entrar em contato para agradecer a referência que fizemos ao seu livro Reaprendendo a Brincar, Evaldo Oliveira, ou Evaldo de Zé Silvino, como era conhecido nos tempos que traquinava ali entre as ruas da frente e do meio, passou a disputar com Othon a posição de mais profícuo e comentado colaborador do blogue. Sua primeira crônica foi publicada em novembro de 2009.
Depois vieram os ilustres e bissextos colaboradores: Chico de Neco Carteiro e Marco Juno. Faço esta provocação deselegante com a esperança de que se encham de brios e nos brindem com seus maravilhosos textos em frequência capaz de mitigar nossa sede cultural. O “bissexto” aqui corresponde àquele traço que riscávamos entre dois meninos para incentivá-los a uma disputa física.
7 comentários
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janeiro 1, 2011 às 10:48 am
evaldo Oliveira
Carlos Alberto, um abraço. Dizer que você, mais uma vez, foi brilhante, nada mais é que dizer o óbvio. Mas aqui você se superou. Fez uma RNM (Ressonância Nuclear Magnética) do nosso blog, mostrando suas entranhas. Vou mais longe: você fez alg mais – fez um pet CT (que é uma junção da Tomografia com a RNM). O texto está muito bonito, e mexe com todos nós que amamos nossa terrinha. Um abraço e que em 2011 continuemos segurando o leme deste blog que já virou mania em AB. Parabéns a todos.
janeiro 1, 2011 às 12:56 pm
marcojuno
Meu nobilíssimo editor, Carlos Alberto, de quem tenho abusado da solicitude, o balanço que faz do desempenho do blog em 2010, chega, de certo modo, a ser comovente, tal o carinho com que trata a sua cria. Espero que no balanço que fará sobre 2011 esses números sejam multiplicados, para alegria de todos nós, blogueiros seguidores.
Uma coisa me comoveu: seguindo um link que vc oferece em seu texto, lí uma crônica, muito bem escrita por Márcia Dutra. E ela fala de quem conhecí na minha infância: Dr. Vicente de Paula Gurgel Dutra. Pelo que pude perceber, ele continua na ativa, aos 82 anos. Voltarei em breve ao assunto.
Marco Juno
janeiro 1, 2011 às 4:02 pm
dodora
Querido amigo Carlos Alberto.
Emocionante e brilhante esta Ressonancia Nuclear Magnetica e este Pet CT como citou o nosso ilustre Dr Evaldo.
Voce desenvolveu este artigo ,como um grande Mestre que e a sua marca registrada
Com orgulho de fazer parte deste fabuloso grupo de areia-branquenses , desejo a todos um FABULOSO Ano Novo com muitas realizacoes.
E aproveitando a ocasiao, deixo os meus desejos sincero de muito SUCESSO ao primo Marco Juno no lancamento de novo livro AS VINHAS DE SION que foi lancado no dia 17 de Dezembro na Livraria Saraiva de Recife.
HAPPY NEW YEAR -FELIZ ANO NOVO
Um grande abraco
Dodora
janeiro 1, 2011 às 7:53 pm
Carlos Alberto
Primeiro as Damas, depois a ordem: agradeço a Dodora, Evaldo e Marco Juno as generosas referências. De fato, se há algo que me deixa feliz são esses encontros e reencontros cibernéticos em volta da praça da matriz. Que assim seja enquanto durar a felicidade.
janeiro 2, 2011 às 9:09 pm
Marcelo Dutra
Caro Carlos Alberto
Muito boa sua retrospectiva do blog, aliás muito pertinente. Fico mjuito feliz com o rumo que o blog vem tomando, com os novos colaboradores que não somente mantiveram, mas até incrementaram o nível de qualidade, com textos que conseguem aliar história com qualidade literária. Está cada dia mais saboroso ler os textos de Marcos Juno, Evaldo, Othon. Eu não teria conseguido manter um ritmo de produçãpo de textos como o que vem se mantendo com a colaboração de todos.
Caro Marcos Juno, quanto à sua referência ao texto da Márcia, minha irmã, só tenho a concordar, e a bem da verdade informo que meu pai está hoje com 87 anos e já parou de trabalhar há 4 anos. Foi substituído em seu consultório pelo neto Caio. Ele tinha um grande desejo de que um dos filhos fosse dentista, porém só conseguiu ter o desejo atendido por um neto.
janeiro 3, 2011 às 12:16 pm
evaldo Oliveira
Marco Juno, eu tive dois privilégios que você não teve: quando criança, trabalhei com Dr.Vicente, e quando estive em AB fui à casa do Marcelo e lá matei uma saudade que durava desde a infância. Dr. Vicente continua um homem feliz, com cara de rico, sorridente e bonitão. Fiquei muito feliz em ver os pais de Marcelo. A mãe é uma senhora elegante e bonita. Os dois justificam o sucesso que fizeram em AB, como um casal inteligente e sociável, sempre envolvidos com as causas maiores da cidade de então.
agosto 25, 2011 às 9:20 pm
sônia
Oh gente, como gostaria de rever a família de Dr. Vicente. Seus membros eram muito admirados por meus pais Adauto e Vanda e eles residiiam bem próximos de nossa casa, na rua do Meio. Mesmo garota não me cansava de admirar a elegância do casal.
Sou Sônia, a segunda filha de 12 de Adauto Ribeiro (da Mossoró Comercial e Navegação Ltda.). Bons tempos aqueles e saudades!