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Desde pequeno, quando estudava no Grupo Escolar Conselheiro Brito Guerra, eu imaginava coisas impossíveis, como subir de avião e recolher aquelas nuvens que passavam pelo céu. Como brincadeira, pensei em uma forma de me comunicar com algumas pessoas sem o perigo de ter meus escritos vazados, e me iniciei no obscuro mundo da encriptação. Idealizei, então, uma forma para me comunicar com segurança, ao criar um código simples, que depois viria saber já ter sido utilizado por Celso, o todo poderoso imperador de Roma.
Em outro momento, imaginando o universo dos pequeninos, penetrei no mundo nano. Na crônica Nanomedicina, o Futuro Chegou, enfoco os benefícios e os riscos dos nanoprodutos. Ali, um pouco do que nos espera nessa área do conhecimento. Em outra ocasião, em um texto sobre Ciência Noética – Ciência Noética, o Futuro da Cura ou Instrumento do Terror?– eu chamava a atenção para um mundo de esperanças, sem esquecer os perigos que cercam este tema.
Porém dois elementos sempre me intrigaram: o silêncio e a escuridão. Minha medida para o breu total acontecia depois das dez da noite, quando ela, a escuridão, em conluio com a cruviana e a serração da velha, apagava a cidade para os raros aviões. Ali, o império dos grilos; se no inverno, também dos sapos.
Haveria um nível de ultra escuridão? A resposta é sim. O cosmo era totalmente escuro, antes e depois do Big Bang, que aconteceu há treze bilhões de anos. A luz visível aos nossos olhos somente iluminaria o cosmo depois de 400 milhões de anos, coincidindo com o surgimento das primeiras estrelas. Uma dedução bem elementar e antiga: a escuridão não existe; é criada pela ausência da luz. A quantidade de luz presente em um espaço define o nível da escuridão.
Do mesmo modo, haverá o silêncio absoluto, em que o ruído produzido pelo voo de uma libélula possa até nos apavorar, por sua intensidade? A entrada em uma câmara anecoica acústica poderia nos fornecer elementos para reflexão. Em uma dessas câmaras você pode se assustar ao ouvir com clareza os batimentos do seu coração, o ruído do sangue correndo em suas artérias cranianas, o ronco da sua respiração.
Escuridão, ausência da luz.
Silêncio, necessário até no nível do cochicho das muriçocas. E somente até aí.
Os dois juntos, loucura.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN