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A terra, por ser redonda, não tem esquina, mas tem pontos que se antecipam ou, ao contrário, posicionam-se do lado oposto, no giro do planeta. No início do giro, em cada manhã, nós, areiabranquenses, sempre somos os primeiros a passar por essa parte do giro. Pois é exatamente por aqui que os aviões que vêm de outros pontos adentram o Brasil e a América do Sul. É nesse lugar que estamos nós: na esquina do mundo.
Em visita à Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso-GO, lembrei-me de uma criação poética imaginada por mim, quando me senti tocado por um vento que imaginei conhecido. Era um vento com um pequeno rabisco na barriga, e eu o conhecia, sim. Pelo rabisco em sua barriga, concluí ser o mesmo vento que passara em Areia Branca-RN, cidade que fica bem na esquina do mundo, quando eu era criança. E tinha o meu nome escrito em sua barriga, próximo ao umbigo, feito com um talo de de beldroega.
No contraponto, o Cabo de São Vicente, em Portugal, considerado o ponto mais a sudeste da Europa, com suas falésias e penhascos, era a última visão de Portugal que os marinheiros tinham ao partirem para o desconhecido. Era o Finis Terrae.
Trata-se de uma paisagem remota, varrida pelo vento, com falésias e penhascos dentados que sobem até 60 metros dos mares, sendo o ponto mais sudoeste da Europa continental, tendo enorme importância para a navegação. O finis terrae?
![](https://areiabranca.wordpress.com/wp-content/uploads/2024/06/cabo-de-s.vic_.jpg?w=1024)
O mito persistiu durante toda a Idade Média, quando o Infante D. Henrique, grande Navegador, pai da Idade de Ouro dos descobrimentos de Portugal, decidiu acabar com todo esse disparate, pondo fim à Idade das Trevas.
Em Areia Branca, a contemplação das chegadas e passagens. No finis terrae, o fim.
A partir dali, um mar cheio de monstros, que os navegadores portugueses tiveram que encarar, inclusive para descobrir o Brasil.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN