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No portão da escola, Lucinha acerta horário com Dodora para pesquisarem sobre a origem do ditado Não Adianta; Inês está mortaQue tal analisarmos um texto que vi no blog AreiabranquiCidade(evaldoab.wordpress.com)? – propôs Dodora.

“Inês de Castro (1325-1355), nobre dama da região de Castela, na Espanha, fazia parte da corte de Constança quando esta foi para Portugal se casar com o infante Pedro, filho e herdeiro do rei Afonso IV, em agosto de 1339.

Pedro se apaixonaria por Inês de Castro, e esse romance passou a ser comentado, sendo mal aceito pela corte. Os dois apaixonados passaram a se encontrar às escondidas. Sob o pretexto da moralidade, D. Afonso IV não aprovava essa relação. Assim, no ano de 1344, o rei mandou exilar D. Inês no castelo de Albuquerque, na fronteira castelhana. Mesmo assim, Pedro e Inês correspondiam-se com frequência.

Em outubro de 1345, D. Constança morreu ao dar à luz o futuro rei, D. Fernando I de Portugal. Na sequência, contrariando as ordens o pai, D. Pedro manda buscar Inês, e se instalam em Coimbra. Finalmente estavam juntos. O casal teve quatro filhos no mosteiro de Santa Clara, o que agravou a situação. Boatos davam conta de que o príncipe havia se casado secretamente com Inês.

O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar Inês de Castro. O rei, aproveitando-se da ausência de D. Pedro, saiu com alguns auxiliares diretos para executarem o plano de matar Inês, em janeiro de 1355.

A morte de Inês de Castro provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. O caso foi aparentemente equacionado, e no ano de 1357 ele se tornaria o oitavo rei de Portugal como D. Pedro I. Em 1360 D. Pedro I elaborou a declaração de Cantanhede, em que legitimava seus filhos com Inês, e afirmava haver casado secretamente com ela em 1354, em Bragança.

Pedro I começa a perseguição aos três conselheiros assassinos de Inês. A vingança foi executada com requintes de crueldade. Não havia mais o que fazer, além da vingança, diziam. Inês estava morta. Aqui, a origem do ditado Não adianta. Inês é morta!

Em 1360, D. Pedro I assume então, publicamente, que o casamento com Inês fora realizado em segredo, antes de sua morte. Em 1361 Inês de Castro foi tornada, postumamente, rainha de Portugal. D. Pedro I resolve fazer uma homenagem a D. Inês de Castro, ordenando que o corpo da amada fosse desenterrado e posto no trono. A rainha foi coroada, e os nobres obrigados procederem a cerimônia do beija-mão ao cadáver, sob pena de morte. No desenho abaixo, uma pessoa do reino beijando a mão de Inês de Castro, que está morta e colada ao trono, sob a vigilância do rei D. Pedro I.

Em seguida, ordenou o traslado dos restos mortais para Coimbra, para um dos dois belíssimos túmulos que mandara construir no mosteiro de Alcobaça. Hoje, os corpos de D. Pedro I e D. Inês estão sepultados lado a lado nesse mosteiro”.

O amor venceu!

– Gostou? – Perguntou Dodora. Mais tarde avaliaremos outros textos.

Evaldo Alves de Oliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Imagino que nessas regiões de praia as pessoas consumam mais bebidas alcoólicas -, falou o jovem da ponta no banco com três pessoas, na pracinha. Minha tia mora em São Tomé, e lá os homens bebem muito, exclamou o garoto do meio, ao tempo em que conclamava os colegas para irem apanhar taioba em uma área do outro lado do rio.

Garotos, essa conversa lembra uma crônica publicado no blog AreiabranquiCidade, de uma pessoa de Areia Branca que mora em Brasília (evaldoab.wordpress.com) sobre um brasileiro que se embriagou de licor em Portugal: 

“Paulo saiu do hotel após o pequeno almoço (café da manhã), e se dirigiu ao Rocio com o intuito de,  em seguida, contemplar o rio Tejo. No caminho, parou em uma lanchonete para tomar um imperial (chope), a fim de relaxar um pouco. Sentado, pôs-se a olhar algumas garrafas de bebidas expostas em um canto da prateleira do meio. Logo veio a se interessar por uma garrafa de formato diferente, que chamava sua atenção.

Pediu uma bica (café expresso) e ficou de olhar fixo naquela garrafa que trazia um nome estranho no rótulo – Licor de Merda. Em Portugal, caso lhe chamem para tomar um café, não será esse o desejo de quem o convidou. De fato, você vai beber, e talvez não tome nem uma chávena (xícara) de café.

Depois de algum tempo, Paulo fez sinal para o empregado de mesa (garçom) e pediu uma dose daquela bebida de nome estranho. Encantou-se com o aroma que provinha da taça e adorou seu gostinho todo especial. E pediu outra dose. E outra.

A bebida foi criada como uma crítica à classe política, à desordem partidária, quando os grupos políticos não se entendiam àquela altura da pós-Revolução dos Cravos, que foi deflagrada no dia 25 de abril de 1974 e pôs fim à ditadura salazarista. Nascido como uma brincadeira, o Licor de Merda quase desapareceu, ressurgindo no ano de 2004. 

Os familiares de Paulo o encontraram em estado de total embriaguez, sentado no cais, ao lado da Torre de Belém, tendo ao lado uma sacola. É que o brasileiro aproveitara uma promoção da bebida e caíra na esbórnia etílica.

Cantarolando baixinho versos da canção Esperando na Janela, Paulo foi almoçar no Bar do Ramiro, onde conheceu o percebes, que é uma espécie de crustáceo de aspecto estranho muito apreciado aqui em Lisboa”.

Crustáceos. Em Areia Branca, preferência por taioba; em Lisboa, percebes é o favorito.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

– Os maçaricos da Salinésia, as garças, os quero-queros das várzeas. Essas aves fazem parte de nossa meninice e juventude – dizia Lucy a um grupo de amigas quando, do patamar da igreja, comentavam a magnífica visão que tinham do manguezal à frente, do outro lado do rio Ivipanim.

– Cada local tem sua fauna própria, e isso é o que torna os lugares especiais, cada qual a seu modo, com suas características – emendou Anábia, que tinha fama de protetora dos animais. 

 Anábia, interveio Jandira, componente daquele trio, lembrei-me de uma crônica que li no blog AreiabranquiCidade (evaldoab.wordpress.com), sobre uma manhã passada às margens do Tejo, o rio mais extenso da Península Ibérica, que nasce na Espanha, onde é chamado de Tajo, e após um percurso de mil quilômetros desagua solene no oceano Atlântico, em Lisboa. Espanha e Portugal são os dois países que compõem a Península Ibérica, além de Andorra, que é um principado, e o território britânico de Gibraltar.

Eles sabiam que o Tejo passeia pela costela mindinho de Lisboa, e se dispuseram a curtir aquela manhã em suas margens, depois de um café (pequeno almoço) no hotel. Desceram pelo Rossio, amplo espaço que abriga vida e alegria, e tomaram o rumo do Tejo, admirando o belo passeio público à margem do rio.

Descortinavam a beleza do local, quando foram tocados pela leveza do voo de algumas aves do Tejo, barulhentas, exibidas por se acharem belas, e como o são! Não tiveram coragem de perguntar sobre suas linhagens ornitológicas: se marrequinhas, corvo-marinho-de-faces brancas, garça-branca-pequena, garça-real ou garça-vermelha. O que interessava era a beleza sutil de seus voos.

Esse pequeno grupo de aves os deliciou com suas acrobacias argonáuticas, como a lhes indicar o sentido da Torre de Belém, logo à frente.

Esta puxou o freio de mão e pousou para uma foto especial.

Garças com sobrenomes, quero-queros, maçaricos, mergulhões. Belos, aqui e lá!

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

FOTOS Lucas Fonseca

Você escuta uma estória e tenta descobrir a veracidade do fato. Em Areia Branca, pelos idos de 1958, a prefeitura proibiu as bancas de doces que funcionavam nos mais variados recantos da cidade de venderem cachaça. É que essa atividade era ilegal, e fugia do objetivo daqueles arremedos de quiosques. Somente a venda de pequenos lanches, balinhas e biscoitinhos era permitida.

Mas alguma coisa de anormal estava acontecendo. Os clientes que anteriormente tomavam sua bebida e foram para outros lugares, retornaram aos quiosques, só que agora para beber café. O consumo do cafezinho aumentou abruptamente nos quiosques, fato que despertou a curiosidade dos fiscais da prefeitura. Bastante desconfiados com essa repentina onda, os fiscais fizeram uma campana e logo  descobriram a causa dessa repentina mudança de hábito. Constataram que a cachaça era servida em garrafas de café ou em bules, e o pessoal solicitava um cafezinho a todo momento, especialmente nos quiosques em torno da pracinha.

Pracinha com coreto

Na visão extramuros, em Portugal tomamos conhecimento de que a ginjinha, um licor obtido a partir da fermentação da ginja, que é uma frutinha parecida com a cereja, tinha sua origem questionada. Os estabelecimentos de Lisboa diziam que a bebida fora criada na atual capital de Portugal, o que era contestado pelos que, em Óbidos, uma pequenina e bela cidade próximo a Lisboa, produziam a bebida.

Procuramos a Ginjinha da Espinheira, fundada em 1840, e o funcionário deixou claro que a ginja fora criada em Lisboa. Depois de muitos copinhos da bebida e muita conversa, vimo-nos na obrigação de conhecer a ginjinha de Óbidos.

JINJA Lisboa

Óbidos é uma bela vila portuguesa, com doze mil habitantes, totalmente cercada por muralhas muito bem conservadas. A cidade foi dada como dote de inúmeras rainhas de Portugal: à esposa de D. Afonso II, à esposa de D. Dinis, à esposa de D. João I, à esposa de D. Duarte e à esposa de D. João II, entre outras.

No dia seguinte estávamos em Óbidos para uma degustação tira-provas. Depois de nos encantarmos com a muralha quase milenar da cidade, saímos em busca da verdade. E ficamos a degustar a ginjinha repetidas vezes, em lugares diferentes, ora em copinho de plástico e outras vezes em taças de vidro. Tudo pelo bem da pesquisa e da boa informação.

GINJA Óbidos 2GINJA Óbidos

Ainda sem um posicionamento definitivo, à tarde retornamos à Ginjinha da Espinheira para uma tarefa aborrecida: degustar a ginjinha novamente, para uma última palavra.

Qual palavra? Depois de tanta ginjinha, esqueci.

Ao final, a questão continuava sem resposta.

Sinto que teremos de retornar a Lisboa e a Óbidos.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

 

 

 

 

 

Quando Dom Pedro I proferiu o famoso Grito do Ipiranga, Independência ou Morte, finalizou: E que Portugal vá pro raio que o parta!

 Assim, o uso da expressão O Raio Que o Parta se difundiu, no Brasil, por todos os escaninhos, com destaque para políticos quando perguntados sobre o povo brasileiro. Dessa forma se expressou José Sarnei sobre o Povo brasileiro: Quero que o povo brasileiro vá para o raio que o parta! Ou Collor, se referindo à oposição: Vão todos pro raio que os parta!

Lembro dos banhos de bica que tomávamos em Areia Branca. A chuva começava, e logo as pessoas – adultos e crianças – saíam de suas casas para tomar banho de bica. A água gelada batia na moleira, molhava a alma e acalentava o espírito. Era assim que encarávamos as chuvas que caíam na esquina do mundo.

Os trovões ribombavam no oitão da igreja, feito traques gigantes, ecoando pelo rio Ivipanim no sentido de Barra e Pernambuquinho. Relâmpagos pipocavam no céu, pros lados de Pedrinhas e Casqueira, e eu ficava imaginando que era ali que eles moravam.

Porém não lembro de raios estilhaçando casas ou rachando árvores ao meio. Não tenho lembrança de qualquer caso de morte ou ferimento de alguém atingido por tais eventos. Daí, a pergunta: a frequência de raios em Areia Branca é pequena?

Em Brasília, no período de dois meses tive a placa da minha televisão queimada três vezes por raios que caíram no conjunto onde moro.

Lembro de um raio que caiu à noite, em frente à minha casa, que quase mata um cliente meu, que acabara de entrar em minha garagem, face à chuva forte, em companhia da esposa e do filho doente. O raio pipocou à nossa frente, a cerca de 15 metros de onde estávamos, na garagem. Em outro momento, eu estava na casa de uma dentista, tomando Cava, quando a uma distância de quatro metros caiu um pequeno raio sobre uma lata de leite em pó, produzindo um pipoco. É muito comum, por aqui, caírem raios sobre casas, causando muitos prejuízos às instalações elétricas e aos aparelhos eletroeletrônicos.

Talvez por isso a expressão Vá Para o Raio que o Parta seja incomum em Areia Branca e tão corriqueira em Brasília. Alguém sabe de raios perigosos em Areia Branca?

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

O termo relâmpago é usado para designar qualquer descarga elétrica que ocorre na atmosfera – descarga entre uma nuvem e outra. O raio é uma descarga elétrica que ocorre entre a nuvem e o solo.

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