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Dos casos de violência ocorridos em Areia Branca, meu irmão Ivo fez-me lembrar de um que aconteceu com um forasteiro, em frente à bodega do nosso pai.

A vida fluía normalmente na Rua da Frente, em um dia do ano de 1958. Como em um sem-querer-querendo, apareceu um elemento de fora da cidade, sentou-se em um banco que havia debaixo de um pé de fícus em frente à mercearia do meu pai e ficou olhando o rio Ivipanim, deliciando-se com o vai e vem dos barcos e barcaças. 

De leve, desdobrou uma mesinha de ferro que trazia consigo e começou uma onda de provocação, desafiando alguém para uma aposta. Quem se dispunha a tentar acertar em qual daqueles copinhos estaria a bolinha que ele esconderia? Provocou, alardeou sua coragem, mas ninguém se dispunha a pôr seu dinheiro em risco.

Uma pessoa que presenciava com atenção o movimento dos copinhos decidiu apostar, e o forasteiro colocou a moeda de mil réis na mesa, batendo e alardeando seus dotes de prestidigitador. Mexeu os copinhos, deixando que o homem que estava prestes a apostar visse em qual copinho ele havia colocado a bolinha. O homem, então, pôs a mão no bolso e tirou sua moeda de mil réis. Nesse exato momento, o manipresto, com um movimento quase imperceptível, mudou a bolinha de lugar. O apostador colocou a mão sobre o copinho em que supunha estar a bolinha e exigiu que todos assistissem o momento em que ganharia aquela aposta. O homem desvirou o copinho e a bolinha não estava ali, mas em outro copinho.

Gerou-se então uma grande confusão, com empurrões e impropérios. O apostador sacou sua faca da cintura e deu uma cutilada no prestidigitador, que ficou com a mão na barriga, constatando que o ferimento não era grave. O homem da faca pulou no rio, que estava bastante cheio. O sujeito da banquinha correu atrás e também pulou na maré. Nadou rapidamente e logo alcançou o elemento que o ferira, a uns cem metros do cais, provocando-lhe dois ferimentos de faca.

Ao cabo e ao fim, ninguém morreu. Pelo que se sabe, o sujeito da mesinha nunca mais apareceu pros lados da Salinésia. 

Escaldaram o gato.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

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