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Na vida todos temos um segredo inconfessável,

 um arrependimento irreversível,

um sonho inalcançável e um amor inesquecível.

Diego Marchi.

Em Areia Branca, imagino ter sido ele o único garoto que realmente desejava ser paraquedista. Com apenas seis aninhos de idade, em suas conversas ele sempre dizia que ia ser paraquedista. Em seus sonhos, o voo em queda livre surgia com frequência, pondo em desordem sua inquieta cabecinha. O Papai Noel, renascido todos os anos, quando chegava o natal, saindo de uma lareira, para ele o velhinho descia de paraquedas, e escorregava fazendo marcas nas paredes do seu quarto. No alto do imenso pé direito, antigas pucumãs testemunhavam em silêncio.

No quintal de sua casa, na Rua da Frente, a observação cuidadosa do voo dos raros passarinhos era uma tarefa de todos os dias. Quantas vezes, sentado sobre o quarador de roupas, imaginou-se, qual menino-passarinho, em voos pelos céus de Areia Branca, fosse em rasantes pelas várzeas, pros lados de Pedrinhas, assustando os maçaricos e contemplando antigos cataventos. Talvez, imaginava, pudesse chegar a Mossoró.

Hoje, o menino entende que os sonhos são, em boa parte, determinados pelas ideias formadas em nosso dia a dia, e em Areia Branca dos anos 1950, era muito difícil manter certas ideias com a mesma formatação por muito tempo. É que, face às dificuldades, essas ideias perdem força, esmaecem e somem. No futuro, apenas a lembrança de um sonho que a realidade tratou de abortar, deixando apenas restos placentários.

Ao sumirem tais ideias, em seu lugar pode restar um vácuo no espaço-tempo, ou aos poucos serem substituídas por novas propostas. Para isso, é essencial que  se reforce o conhecimento, que se conte com o exemplo e o apoio da família, além de muito estudo e esforço pessoal. Do contrário, acomodação e desistência. Aqui, a necessidade de criação de novos repertórios para formatação de outros voos, só que desta vez sem o paraquedas.

E assim o menino fez. Mudou de Areia Branca para uma cidade grande, estudou engenharia robótica e hoje está se aposentando de seu trabalho em uma empresa que desenvolve software para aviação comercial.

O voo. A mesma paixão. O mesmo sonho em nova formatação.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

(*) Aqui, um sonho, uma alegoria, uma metáfora baseada em fatos reais

 

 

 

 

 

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