Naquela noite, depois da novena, deixei a pracinha às pressas para continuar na incerteza. Hoje, não sei quem de fato era ela.

Naquela festa, na praia de Upanema, quando alguém cantava em homenagem a um amigo – Chico Novo –, ajudei-o a fugir do local, dirigindo uma Vespa, quando tudo conspirava a nosso favor.

Na Rua do Meio, naquela noite que levava a crer que seria inesquecível, quando tudo parecia tudo, fiquei olhando para o chão escuro, em busca de um nada que se mostraria nada.

Entre o temor do futuro e a perplexidade frente a uma partida inesperada, deixei-me ser tomado por esta, e não me abasteci da força e da energia benfazejas dos amigos, mesmo que poucos. Quando, em face da saudade, tentei desfazer essa querela com o passado, senti o peso da dificuldade.

Nesse diapasão, perdi contato com o chão da minha terra, desiludido pela suposição de um caos que nunca veio. Logo, a exigência de uma reviravolta retornaria nos diversos momentos em que a força de cada descoberta exigia o respaldo das comparações com os idos e vividos em minha meninice, e esses momentos foram muitos.

Quase se apagaram da lembrança as expressões do povo, os causos da Rua da Frente, a fauna humana que ali habitava, atiçando minha mente e servindo de mote para as decisões que a vida exigiria de mim, um pós-menino ainda despossuído do choque e da experiência das grandes desilusões. Poucas, reconheço.

Decorridos vinte anos de uma ausência que se desanuviava a cada ano, com a confiança e a fé brotando e se fortalecendo feito plantinhas em um solo há pouco ressequido, eu, asa branca, percebia a necessidade de um retorno, e isto ganhava corpo em meus projetos de vida.

No início da década de 1980, enfim, retornei. Uma decepção. Uma cidade em mau estado de conservação. Em seguida, a volta por cima. Uma cidade que se renova a cada dia.

A fênix ressurgia.

Evaldo Alves de Oliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN