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O culto a Nossa Senhora dos Navegantes, em Areia Branca, teve início em maio de 1911, quando o maquinista Manuel Félix do Vale e sua tripulação se viram diante da morte, face a uma avaria em alto mar.  

O rebocador Sucesso fez uma viagem a Recife, sendo rebocado pelo vapor Açu, com o objetivo de ser consertado em um estaleiro local. Na altura do Cabo Santo Agostinho, a longa corda que o prendia ao vapor enrolou na hélice, em virtude do mar agitado.

O cabo tinha que ser retirado o mais rapidamente possível da hélice, pelo risco de afundamento do rebocador. O maquinista Manoel Félix do Vale se lançou na água com uma faca na mão, pondo sua vida em risco. Em uma manobra corajosa, ele conseguiu cortar o cabo enrolado na hélice, evitando assim um iminente naufrágio do rebocador.

O maquinista fez uma promessa a Nossa Senhora dos Navegantes: trazer para Areia Branca a imagem da santa, entroná-la no altar da igreja e cuidar da organização de uma procissão marítima em homenagem à protetora dos marítimos.

Apesar dos esforços, somente em 2011 a paróquia de Areia Branca resgatou a imagem original de Nossa Senhora dos Navegantes, que se encontrava em Ponta do Mel.

A informação mais antiga que temos da festa em louvor a Nossa Senhora dos Navegantes, que efetivamente passou a ser comemorada no dia 15 de agosto, data do início da década de 1930.

Como nos conta o Comandante Miranda, a partir daquela década, no dia 15 de agosto, o andor saía da igreja matriz na hora marcada. Lá fora, um grande número de pessoas esperava para o embarque. De um lado, as Filhas de Maria, as Zeladoras, as Damas de Caridade; do outro lado, os Vicentinos, os Marianos e a Cruzada Eucarística.

Essa procissão se dirigia ao Tirol; no caminho, os fiéis cantavam o Hino dos Navegantes, enquanto caminhavam a passos lentos. A animação ficava por conta da bandinha da cidade, comandada por Mirabeau, com seu trombone, Pedro Abílio no saxofone, Adolfo de Pedro Abílio no bombo, José Silvino (meu pai) na tuba, e algumas vezes Chico Ourives no clarinete. Em alguns anos, outros músicos faziam parte dessa comitiva. Tinha ainda Augusto Preto com sua cuíca, Zé Lagatixa com seu famoso pandeiro e, por fim, Raimundo Enfermeiro na rabeca. 

Nas calçadas e na beira do cais, uma multidão aplaudia a procissão, que tinha a bandinha como ponto de destaque. As mães seguravam seus filhos, que gritavam e acenavam para os participantes daquele cortejo religioso.

Os fiéis seguiam atrás, engrossando os cânticos. Chegando ao Tirol, como de costume, a lancha São Salvador já se encontrava no local, para transportar a imagem da santa. Barcaças da Companhia Comércio e Navegação, Wilson, Mossoró Comercial e Salmac juntavam-se ao São Salvador, cada uma tendo à frente o seu rebocador. Feito o embarque, tudo pronto para a procissão marítima. Durante todo o percurso, os fiéis cantavam em uníssono, apesar da distância entre as embarcações: Ó virgem dos navegantes/Na procela e na bonança/Salvai os pobres marinheiros/Sê sempre a nossa esperança.

Festa de Nossa Senhora dos Navegantes. História, fé e tradição que se misturam há mais de um século.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN.

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