Estamos iniciando um projeto para digitalizar fotografias de Toinho do Foto e pinturas de Toinho Tavernard. Para que o acervo seja o mais completo possível, solicitamos a quem tenha fotos e pinturas de locais públicos desses artistas, que nos autorize a escanear as fotos ou fotografar as pinturas. Os créditos de propriedade das obras serão dados no projeto. Posso ser contatado pelo endereço eletrônico cas.ufrgs@gmail.com. Desde já agradecemos aos interessados em preservar nosso acervo cultural.

O projeto proporcionará a admiração de diferentes perspectivas de um mesmo patrimônio histórico da nossa cidade, mesmo que já tenha sido destruído, como o Tirol.

ATavernardTirol

O olhar de Toinho Tavernard

tirol_1950-60

A perspectiva de Toinho do Foto

Convidamos o visitante do blog a dar uma espiada na coleção de livros sobre Areia Branca (atualizada em 19.02.2011) Quem tiver sugestão de livros porventura não incluídos na nossa lista, pode enviar capa e detalhes editoriais (título, autor, editora, endereço para aquisição, etc) para cas.ufrgs@gmail.com.

Os autores deste blogue estão comprometidos com os registros históricos de Areia Branca, sobretudo, mas não exclusivamente, aqueles referentes às três décadas, de 1950 a 1980. Esses registros incluem:

  • descrição de documentos oficiais ou cópias digitalizadas dos mesmos;
  • registros iconográficos diversos;
  • transcrições da história oral;
  • relatos do folclore areia-branquense.

É natural que alguns desses relatos provoquem constrangimentos às pessoas envolvidas. Quando este for o caso, os autores omitirão os nomes e as referências que facilitem a identificação das personagens.

Procedimento similar será adotado com relação aos comentários dos leitores.

42-15683251Quem desejar colocar um link para seu blogue pessoal basta enviá-lo para cas.ufrgs@gmail.com.

Veja como os links aparecem na barra lateral, em Links de colaboradores e visitantes.

Criança em Areia Branca, minha única viagem foi para Porto Franco, de trem, e para Mossoró, de ônibus. A partir de Natal, depois de alguns anos, iniciei minhas primeiras viagens pelo Brasil.

No ano de 1972, ainda cursando o sexto ano do curso de Medicina, em Natal-RN, realizei minha primeira viagem interestadual. Saí de Natal para Recife e de lá fui para Brasília.

O ônibus era de péssima qualidade, da empresa Princesa do Agreste. O motorista de reserva dormia em uma tábua amarrada sobre os três primeiros assentos, ocupando vagas de três passageiros. 

No interior da Bahia, conheci pela primeira vez um nevoeiro, fenômeno que quase não acontece em Natal. Tocado por essa novidade, chegamos a um local árido, de intensa pobreza. Jamais tinha visto algo tão feio e triste. Saí do ônibus e perguntei que lugar era aquele. Vale do Jequitinhonha. Acredito que hoje esteja melhor. 

Claro que o veículo quebrou no caminho, mas aos trancos, barrancos e o tanque de combustível furado, chegamos a Brasília.

No ano seguinte, depois da realização da prova para residência médica, um grupo de Natal foi de Brasília para o Rio, comemorar a aprovação, e eu fui com eles, retornando para Brasília. Na volta, ao parar em um posto para almoçar, já na Bahia, reencontrei o grupo em um ônibus muito bonito, parado ao lado do meu. Conversei com o pessoal e fiz minha mudança de ônibus, sem avisar ao motorista. Passados uns quarenta minutos de viagem, o motorista falou ao microfone: “A pessoa que mudou de ônibus na última parada deverá me procurar na hora da janta, para acertarmos o pagamento do restante da viagem”. E assim foi feito.

Ao chegarmos em Recife, no final do dia, jantamos e seguimos de ônibus para Natal. Cansados, um colega ofereceu um comprimido de um sonífero cujo nome nem cheguei a ver, tomamos e fomos para Natal. O dia já estava amanhecendo quando fomos despertados por um vozerio intenso, todo mundo saindo, e ao lado estavam alguns policiais rodoviários. Sem nada entendermos, já fora do ônibus ficamos sabendo que o nosso veículo fora assaltado por ladrões, no caminho, e somente nós quatro não fomos incomodado pelos bandidos, porque estávamos “apagados” pelo efeito da droga.

Viagens, imbróglios; dificuldades pelas estradas do Brasil.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Na pesquisa que fiz para o texto QUANTAS TORRES HÁ EM AREIA BRANCA, há alguns dias, deparei-me com uma série de outras igrejas e capelas da cidade, nos mais distantes distritos, e fiquei surpreso com o resultado final.

São igrejas, como a de Nossa Senhora dos Navegantes, no caminho de Upanema, além de outras menos conhecidas, mais próximas ou mais distantes da cidade.

Igreja Nossa Senhora dos Navegantes – Centro Juvenil Dom Bosco

Capela de Porto do Mangue

Capela de São Cristóvão

Capela da Praia de São José

Igrejinha de Pedrinhas, onde assisti a diversas missas com minha mãe, em pequenas romarias. Havia também a missa de Bagaé

Igrejinha de Barra, uma das minhas melhores lembranças da infância

Igreja matriz de Areia Branca, em bela foto de Lucas Fonseca

Igrejas, capelas, igrejinhas. A fé reunida.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Obs.: as fotos das capelas foram reunidas por Chico Brito

Em Areia Branca existe somente a torre da igreja matriz. Porém a torre da igreja de Barra, que se avista do patamar da igreja da Rua da Frente, pode ser incluída nessa conta, o que totalizaria duas em nosso campo de visão. A cidade conta com 24.093 habitantes.

Praga, capital da República Tcheca, é conhecida como a cidade das mil torres. Com mil e cem anos de história, Praga abriga castelos antigos, pontes e torres. Assim, inúmeras torres de igrejas marcam a capital da Repúblicas Tcheca, e até parecem saídas de contos de fada. Com sua aparência medieval, Praga é conhecida pelo romance que emana de suas belas igrejas, de seus castelos, além de sua belíssima arquitetura,. A cidade conta com muitas pontes. Praga tem uma população de um milhão e trezentos mil habitantes.

A palavra Praga parece ter sofrido uma interpretação errônea ou preconceituosa, pois de fato significa umbral na soleira da porta de uma casa. A palavra umbral (práh) deu origem ao belo nome da cidade: Praha

O país integrou a Checoslováquia até sua desintegração, em 1993, desmembrando-se em dois países: um bem maior, a República Tcheca, e a República da Eslováquia, um país de pequenas dimensões, mas belíssimo, cuja capital, Bratislava, é a única cidade do mundo a fazer fronteira com dois países: Áustria e Hungria.

Em visita a Praga, um guia de turismo nos contou uma estória surreal. Um jovem, na tentativa de finalmente esclarecer a questão do número de torres na capital da República Tcheca, resolveu contar todas as torres que fossem identificadas de um local mais alto, onde se postou o rapaz com uma prancheta. E foi contando as torres, iniciando pelo lado direito. Conta essa lenda que, ao chegar à torre de número 400, começou a se sentir confuso, indo e voltando para o local onde havia feito a última coleta dos dados. Desistiu, para manter sua integridade psíquica. 

Em visita a Praga, do alto da rua Namísti FRANZE KAFKY Staré Mésto, onde morou Kafka, pude perceber a complexidade dessa difícil tarefa, ao vislumbrar as torres de longe. 

Areia Branca, uma torre. Praga, número indefinido na paisagem.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Viajamos de Brasília para Fortaleza, e de lá para Tibau. No dia seguinte, saímos para Areia Branca, passando por Grossos. Estávamos em quatro veículos, todos com tração nas quatro rodas. Em Grossos, um belíssimo catavento nos anunciava o lado gostoso daquela cidade. Tomamos uma balsa e chegamos a Areia Branca na quinta-feira, último dia da quaresma. A cidade estava em desalinho, aparentando cansaço, com humor de pura ressaca, sem disposição para conversa. 

Passemos então pela igreja, pensei. Mas a igreja estava vazia naquele quase meio-dia. Ali, nada que lembrasse o burburinho da igreja da minha meninice. Ninguém além de nós. Seguimos em frente, em busca do pescador gigante da beira do cais. O pescador também não estava a fim de conversar. Desconversamos e fomos embora.

Saímos no rumo do Tirol, digo, da Praça do Pôr do Sol. Lá, o desencanto, a frustração daquele dia. O prédio me pareceu bonito, porém inadequado para o local. Como forma de compensação, fiquei sabendo que a prefeitura planeja construir um novo Tirol.

Quase sem opção de encontrar algo de bom gosto para mostrar para os amigos que me acompanhavam desde Brasília, alguns de Mossoró, com o desconforto tomando conta de nossas fracas disposições, rumamos na direção da maternidade. Depois do Ivipanim Clube, a visão da Cidade Maritacaca me encheu de entusiasmo e satisfação, com uma  pitada de orgulho a temperar meu ânimo. Afinal, há um  equipamento comunitário de peso em Areia Branca, onde se desenvolve um trabalho educativo com as crianças. Ali, semblante e cheiro de futuro. 

Interessado em mostrar a beleza das praias aos meus amigos, convidei-os a conhecer as praias de Redonda, São Cristóvão, Areias Alves, Ponta do Mel e Pedra Branca. Para fechar o passeio, fomos às Dunas do Rosado.

Mas foi na praia de São Cristóvão que tomei conhecimento de uma triste história de repulsa e ódio sem limites, entre duas pessoas. Havia um senhor que detestava uma pessoa do local. Ao morrer, essa pessoa foi enterrada no cemitério público. Aquele senhor, para não ser enterrado no mesmo local do seu desafeto, comprou em vida um terreno pequeno, ao lado do cemitério público. e construiu um cemitério particular, com um belo túmulo de granito preto. Quando morreu, seu corpo foi enterrado em seu cemitério, de costas para o cemitério público.

Aqui, o cemitério pequeno ao lado do grande.

Areia Branca. Cidade Maritacaca. Por um futuro melhor.

São Cristóvão. História de rancor e ódio eternizada em um cemitério particular ao lado de um cemitério público.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Desde pequeno ouço essa palavra – menino – composta por seis letras, e que significa uma pessoa do sexo masculino quando em sua infância, sendo também usada para identificar diferenças sexuais ou culturais entre crianças do sexo masculino e feminino. Mas, aqui, o seu significado é genérico, não ligado a fatores de gênero. Portanto, vale menino ou menina.

Diferentemente, criança é um ser humano no início de seu desenvolvimento, e esta fase vai até os oito anos de idade. Já infância é outra coisa. É o período que vai do nascimento até aproximadamente os dez anos de vida. A partir de então, e até os dezoito anos, temos a puberdade, mas aí já é outra estória.

Fui criança em Areia Branca, filho de dono de uma pequena bodega. Éramos nove irmãos e, por onde passávamos, éramos apontados pelas pessoas como os meninos de Zé Silvino, ou os meninos de Ester. Certo dia, seu Lalá da padaria, nosso vizinho na Rua da Frente,  colocou-me no colo e falou com aquela suavidade que somente os avós conseguem impostar: Menino, eu tenho muito orgulho de ser amigo do seu pai.

E essa palavra – menino – me acompanha e me emociona até hoje. Talvez, por isso, eu tenha me especializado em Pediatria (dois anos de Residência Médica em Brasília, com pós-graduação em Homeopatia Infantil em São Paulo).

Neste sentido, poucas coisas mexeram mais com minha emoção do que um fato, acontecido aqui, em Brasília, logo após minha chegada à capital federal. Fui assistir a uma vernissage concorrida de um pintor local, e entrei na fila para assinatura do livro de presenças. Aquela fila recém-iniciada era composta, naquele momento, por cerca de doze pessoas. Na minha frente, compenetrada, encontrava-se uma criança de cerca de oito anos, alegre e conversadora.

Ao chegar a minha vez, tive a curiosidade de ler o que as outras pessoas haviam escrito naquele livro. No item nome, nada de novo: todos corriqueiros; no quesito profissão, a minha surpresa e uma imensa satisfação. Corri a ponta da caneta no papel e fui lendo de cima para baixo. E lá estavam: advogado, médico, artista plástico, estudante, pintor, estudante de novo, funcionário público, farmacêutico, industriário, comerciário, vigia, estilista. Cheguei ao último, que correspondia ao nome da criança que estava à minha frente, até então. O garoto que me antecedera escreveu no local da profissão: Menino

Não era estudante, como as outras crianças. Era menino!

Só tive tempo de me virar e ver seu cabelinho encrespado para cima, às custas de gel, formando uma trunfa no alto da cabeça, tipo pica-pau, sumindo em direção a outra sala, no meio do burburinho formado pelas pessoas, e logo encoberto por bandejas repletas de salgadinhos e taças de espumante.   

Era um menino.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Texto já publicado neste blog, com outra formatação.

abril 2024
S T Q Q S S D
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
2930  

Para receber as novidades do blog